14 de outubro de 2015

hCG no Emagrecimento: Mito?

HCG Emagrecimento

Estudo afirma que dieta de baixa caloria em combinação com suplementação e tratamento com hCG  reduziu o índice de massa corporal, percentual de gordura e melhorou o perfil lipídico.


Ciclicamente reaparece algum tipo de dieta milagrosa. Há algum fundamento científico? O resultado é real: emagrecem. Mas a que custo? Buscando na literatura, encontramos alguns artigos defendendo o plano de redução de peso corporal em associação ao tratamento com hCG.

hCG
A Gonadotrofina Coriônica (hCG) é uma glicoproteína hormonal produzida pelas células trofoblásticas sinciciais. É o único hormônio exclusivo da gravidez, conferindo alta taxa de acurácia como diagnóstico de gestação. No homem a Gonadotrofina Coriônica (hCG) atua estimulando as células intersticiais de Leydig e, consequentemente, a secreção de androgênios.



Dr. Simeons
A indicação do hCG para a perda de peso é antiga. Na década de 50, o médico britânico Albert Simeons observou que havia uma associação entre a administração do hCG em pacientes obesos e a eliminação dos quilos extras. Depois de décadas de tratamento em centenas de pacientes, Dr. Simeons criou dois protocolos, de acordo com a necessidade de perda de peso. Os protocolos são baseados em dieta de restrição calórica com uso diário de hCG pelo período de 23 ou 40 dias. As evidências apontadas por Simeons, porém, foram consideradas fracas pela comunidade científica.


Dieta hCG
Atualmente a principal questão, então, tem sido se a adição de hCG à uma dieta de muito baixa caloria, incrementaria a perda de peso em comparação com a dieta sem o hCG. Enquanto a maioria dos estudos relatam a perda de peso devido à dieta, as mesmas discordam se fatores como a redução de peso, proporção corporal e nível de fome são afetados pela adição de hCG na dieta. O problema complica-se pelo fato de que alguns destes estudos foram ou não realizados com ensaio duplamente cego e controlado por placebo.

Dieta hCG
2011: Em estudo, analisando o efeito de uma dieta de baixa caloria em combinação com a suplementação oral de vitaminas, minerais, probióticos e gonadotrofina coriônica humana (hCG, 125-180 UI), observou-se que o tratamento não só reduziu o índice de massa corporal e o percentual de gordura, como também melhorou o perfil lipídico. Este programa teve os seguintes parâmetros avaliados semanalmente: massa livre de gordura, gordura corporal, IMC, a água extracelular/intracelular, água corporal total e taxa metabólica basal.
Protocolo proposto no estudo:
  • Programa alimentar de 500Kcal/dia
  • Suplementação diária sublinguais de vitamina B12 (1000 ug por dia).
  • Suplementação oral dos seguintes nutrientes: 250mg de tirosina, 2mg β-glucano, 200ug de selênio, 1mg de ácido fólico, 5mg de iodo, iodeto de potássio 7,5mg, 600 mg de magnésio, 5g de Vitamina D3, 60mg de coenzima Q10, 150mg de ácido lipóico, 340mg de acetil-L-carnitina, 100mg de vitaminas do complexo B, e um probiótico (L. acidophilus, L. bifidus e FOS).
  • hCG spray nasal, em doses de 125-180 UI.
  • Supervisão médica com avaliações semanais.
  • Avaliação da composição corporal por Bioimpedância
O delineamento experimental utilizado no estudo mostrou que a combinação de dieta de 500 calorias por dia e tratamento com hCG, mostrou um benefício significativo para os pacientes, oferecendo maior perda de peso e diminuição da fome.


Contudo, em meta-análise de 1995 (Lijesen GK), relatou-se que não há nenhuma evidência científica de que hCG seria eficaz no tratamento da obesidade; também não provocaria perda de peso, redistribuição de gordura, nem reduziria a fome ou induziria uma sensação de bem-estar. As pontuações metodológicas variaram de 16 a 73 pontos (pontuação máxima de 100), o que sugere que a maioria dos estudos eram de baixa qualidade metodológica. Contudo, 12 dos 24 estudos analisados, concluiu-se que o hCG foi um complemento útil.

Recentemente (Maio/2015) a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia em conjunto com a Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome metabólica publicaram um posicionamento sobre a tal terapia. A SBEM e a ABESO posicionam-se frontalmente contra a utilização de hCG com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde. (link)

Neste sentido, vale lembrar que qualquer dieta restritiva pode levar à desnutrição e perda de massa muscular. Portanto, o acompanhamento médico nutrológico é fundamental em qualquer terapia de emagrecimento.




Existem ainda muito outros artigos que mostram os efeitos positivos do uso do HCG no emagrecimento.
Para saber mais, recomendo a leitura dos artigos do Dr Icaro Alves Alcântara:
HCG - Aspectos Básicos Necessários
HCG - Como pode servir (ou não) para o emagrecimento



Referência:

Mikirova NA, Casciari JJ, Hunninghake RE, Beezley MM. Effect of Weight Reduction on Cardiovascular Risk Factors and CD34-positive Cells in Circulation. International Journal of Medical Sciences. 2011;8(6):445-452.
Simeons ATW. The action of chorionic gonadotropin in the obese. Lancet. 1954:946–947.
Lijesen GK, Theeuwen I, Assendelft WJ, Van Der Wal G. The effect of human chorionic gonadotropin (HCG) in the treatment of obesity by means of the Simeons therapy: a criteria-based meta-analysis. Br J Clin Pharmacol. 1995;40:237–243. 

http://www.ecologiamedica.net/2015/12/o-mito-da-dieta-hcg-e-porque-os.html 

http://www.drrondo.com/tratamento-hcg/ 
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