10 de abril de 2016

Uso cosmético de toxina botulínica do tipo A em idosos

Toxina Botulínica (Botox) em Idosos

Os médicos devem considerar se é adequada a utilização de toxina botulínica em pacientes idosos.

 

Toxina Botulínica na Estética

Tratamento com toxina botulínica é um dos procedimentos cosméticos mais populares para diminuir a aparência de linhas faciais causadas por contrações musculares faciais. Apesar da rotulagem do fabricante recomendar a toxina botulínica apenas para o tratamento em adultos com menos de 65 anos de idade, há amplo uso da toxina para outros fins cosméticos em pacientes idosos. 
A segurança e eficácia sobre a utilização da toxina botulínica em pacientes idosos é limitada, pois não existem muitos estudos nesta população. No entanto, dadas as mudanças relacionadas à idade da pele e causas multifatoriais de rugas em idosos, bem como o maior risco para os potenciais efeitos colaterais devido a doenças concomitantes e medicamentos, uma avaliação cuidadosa do risco-benefício deve preceder a decisão de usar a toxina botulínica no paciente idoso.

Toxina Botulínica (Botox) em Idosos

 

Toxina botulínica tipo A


Toxina Botulínica
Injeções de toxina botulínica tipo A tornaram-se um dos procedimentos cosméticos mais populares do mundo. Nos Estados Unidos, mais de 2,2 milhões de injeções cosméticas foram relatados em 2003, apenas um ano depois de ter recebido aprovação da FDA para o tratamento das linhas glabelares. Hoje é o procedimento cosmético mais comum realizada nos EUA. Em contraste com outros produtos utilizados para os procedimentos cosméticos, a toxina botulínica é minimamente invasiva, relativamente fácil e rápida de administrar, tem um efeito relativamente imediato e perceptível e um período de recuperação rápida, além de muitas vezes ser mais acessível do que outros tratamentos cosméticos.

A toxina botulínica tipo A é um agente bloqueador neuromuscular que funciona através do enfraquecimento  transitório focal, dose-dependente, dos músculos faciais envolvidos nas expressões que levam a uma aparência cansada ou olhar envelhecido.
Os candidatos ideais para o tratamento com toxina botulínica são homens e mulheres entre 40 e 60 anos de idade cuja rugas faciais são causadas principalmente pela repetida contração muscular. Apesar da rotulagem do fabricante recomendar o uso para adultos com menos de 65 anos de idade, tem havido relatos de utilização com sucesso em pacientes mais velhos.

Considerações em idosos

Toxina Botulínica (Botox) em Idosos
Fonte: Erica Monteiro - UNIFESP
É difícil dizer com certeza se os pacientes com idade superior a 65 anos respondem diferentemente à
toxina botulínica do que os pacientes mais jovens. Até o momento não houve estudos que investigassem usos cosméticos de toxina botulínica, especificamente em idosos, e não houve pacientes idosos suficientes inscritos em estudos clínicos para fazer quaisquer comparações significativas. No entanto, uma vez que os idosos são mais propensos a ter pele mais fina e menos elástica, músculos faciais mais fracos e rugas que ao longo do tempo são causadas por flacidez, não se esperaria que respondessem bem a toxina botulínica. No entanto, um tratamento com toxina botulínica pode ajudar a suavizar as rugas estáticas, que são perceptíveis mesmo sem contração muscular. Contudo, procedimentos adicionais são muitas vezes necessários para proporcionar diferenças visíveis na aparência das rugas.
 
Toxina Botulínica (Botox) em Idosos
Fonte: Erica Monteiro - UNIFESP
O local de aplicação também necessita considerações especiais em idosos.
Tratamento de linhas da testa, por exemplo, exigiria aplicações ​​ao músculo frontal, que muitas pessoas mais velhas usam para levantar as sobrancelhas e pálpebras para enxergar. Pacientes mais velhos também podem ter flacidez palpebral (pseudoptose) que poderia ser agravada pela aplicação de toxina botulínica. Os pacientes mais velhos que recebem toxina botulínica nas linhas glabelares podem ter mais em risco de complicações, como ptose palpebral se possuírem um septo orbital reduzido ou ausente.
Por causa da sua pele delicada, os pacientes mais velhos também são mais suscetíveis a equimoses nas aplicações de toxina botulínica. O risco de equimoses é ainda maior entre os pacientes que tomam medicamentos que inibem a coagulação, como a vitamina E, a aspirina, anti inflamatórios não hormonais, e os fitoterápicos tais como ginseng, ginko biloba e alho. Muitos médicos aconselham evitar estes medicamentos 10-14 dias antes do tratamento. Portanto, uma análise completa das medicações usadas pelo idoso é necessária antes de se decidir pelo uso de toxina botulínica.

Segurança

Os efeitos colaterais mais comuns estão relacionados com a técnica de aplicação e incluem vermelhidão local, hematomas, inchaço e dor leve. Estes efeitos secundários podem ser reduzidos usando técnicas conservadoras de aplicação bem como dosagem adequada. Os pacientes que têm rugas severas (que requerem uma maior dose de toxina botulínica) ou que possuem anatomia facial alterada, ou ainda aqueles com doença neuromuscular pré-existente, têm mais em risco de complicações.  

Ptose palpebral em idoso após uso de toxina botulínica (Botox)
Ptose palpebral em idoso após uso de toxina botulínica
Ptose palpebral em idoso após uso de toxina botulínica (Botox)
Outros efeitos secundários incluem ptose palpebral, fraqueza facial focal e dor de cabeça. Eventos adversos graves incluem disfagia, sintomas semelhantes aos da gripe e reações de hipersensibilidade. As complicações que resultam em músculos enfraquecidos adjacentes ao local da aplicação são devido à migração da toxina aos músculos involuntários; isto pode ser minimizado através da técnica de aplicação adequada.  
 Portanto, para sua segurança, necessário sempre ser realizado por profissional médico.


Cuidados

Anestésicos tópicos aplicados antes do tratamento, o uso de agulhas de menor calibre, aplicação lenta, pequenas doses e aplicação de gelo imediatamente após a injeção, podem ajudar a minimizar a dor e desconforto. Muitos médicos aconselham os pacientes a permanecerem em pé por 3-4 horas após o procedimento, proibindo massagear a área de tratamento, e contrair ativamente o músculo injetado para incentivar a ação da toxina pelos músculos tratado.
A reconstituição adequada, armazenamento e manuseio de toxina botulínica também são essenciais para minimizar os resultados adversos.A toxina botulínica não deve ser utilizada em pacientes que estejam grávidas, amamentando ou que sofram de doença neuromuscular. 
Os pacientes que tomam medicamentos que podem potencializar os efeitos da toxina botulínica também não devem receber toxina botulínica. Exemplos destes medicamentos incluem aminoglicosídeos, quinidina, e anticolinesterásicos. A toxina botulínica é também contraindicada na presença de infecção ou inflamação no local da aplicação.
Relatos de eventos cardiovasculares graves, incluindo arritmias, têm sido relatados. Em muitos destes casos, os pacientes tinham preexistente fatores de risco cardiovasculares que podem ter sido relacionadas com o acontecimento adverso. No entanto, toxina botulínica deve ser usado com precaução em pacientes com comorbidades cardiovasculares, que são mais comuns entre os idosos.

 

Conclusão

Os médicos devem considerar se é adequada a utilização de toxina botulínica em pacientes idosos, tendo em conta a etiologia de suas rugas, fragilidade da pele, anatomia facial, medicações concomitantes e condições médicas. Uma análise minuciosa para averiguar risco de efeitos adversos e o possível benefício do tratamento também é importante. Apesar da toxina botulínica ter uma baixa probabilidade de efeitos colaterais, os pacientes mais velhos podem ser mais suscetíveis a esses efeitos. O benefício do tratamento com toxina botulínica também é questionável, uma vez rugas em pessoas mais velhas são mais propensas a serem causadas por outros motivos do que a contração muscular repetida. Precauções tais como a procedência do medicamento e histórico médico completo, além de iniciar com doses baixas e técnica adequada de injeção, são especialmente importantes para obtenção de ótimos resultados naqueles idosos que foram considerados bons candidatos para o tratamento cosmético com toxina botulínica.

Toxina Botulínica (Botox) em Idosos
 






Dr. Audie Nathaniel Momm - Médico


Referências
  • MONTEIRO, Érica de O. Uso avançado da toxina botulínica do tipo A na face. RBM Dez, v. 9, 2009.
  • CHENG, Christine M. Cosmetic use of botulinum toxin type A in the elderly. Clinical interventions in aging, v. 2, n. 1, p. 81, 2007.  
  • Allergan Inc 2005. Prescribing information for Botox Cosmetic [online]. Accessed 25 July 2006. URL: http://www.botox.com 
  • Batra RS, Dover JS, Arndt KA. Adverse event reporting for botulinum toxin type A. J Am Acad Dermatol. 2005;53:1080–2.
  • Blitzer A, Binder WJ. Cosmetic uses of botulinum neurotoxin type A: an overview. Arch Facial Plast Surg. 2002;4:214–20.
  • Carruthers A, Carruthers J. Clinical indications and injection technique for the cosmetic use of botulinum type A exotoxin. Dermatol Surg. 1998;24:1189.
  • Carruthers J, Fagien S, Matarasso SL, et al. Consensus recommendations on the use of botulinum toxin type A in facial aesthetics. Plast Reconstr Surg. 2004;114(Suppl):1S–22S.
  • Cather JC, Menter A. Update on botulinum toxin for facial aesthetics. Dermatol Clin. 2002;20:1–13. 
  • Cote T, Mohan AK, Polder JA, et al. Botulinum toxin type A injections: adverse events reported to the US Food and Drug Administration in therapeutic and cosmetic cases. J Am Acad Dermatol. 2005;53:407–15.
  • Fagien S. Botulinum toxin type A for facial aesthetic enhancement: role in facial shaping. Plast Reconstr Surg. 2003;112(Suppl 5):6S–18S.
  • Frampton JE, Easthope SE. Botulinum toxin A (Botox Cosmetic): a review of its use in the treatment of glabellar frown lines. Am J Clin Dermatol. 2003;4:709–25.
  • Klein AW. Contraindications and complications with the use of botulinum toxin. Clinics in Dermatology. 2004;22:66–75.
  • Klein AW. Complications with the use of botulinum toxin. Int Ophthal Clin. 2005;45:171–6.
  • Lemperle G, Holmes RE, Cohen SR, et al. A classification of facial wrinkles. Plast Reconstr Surg. 2001;108:1735–50.
  • McLean AJ, Le Couteur DG. Aging biology and geriatric clinical pharmacology. Pharmacol Rev. 2004;56:163–84.
  • Naumann M, Jankovic J. Safety of botulinum toxin type a: a systematic review and meta-analysis. Curr Med Res Opin. 2004;20:981–90.
  • Norman RA. Geriatric dermatology. Dermatol Ther. 2003;16:260–8.
  • Patel MP, Talmor M, Nolan WB. Botox and collagen for glabellar furrows: advantages of combination therapy. Ann Plast Surg. 2004;52:442–7.
  • Rhodes LM, Norman RH, Wrone DA, et al. Cutaneous surgery in the elderly: ensuring comfort and safety. Dermatol Ther. 2003;16:243–53.
  • Vartanian AJ, Dayan SH. Complications of botulinum toxin A use in facial rejuvenation. Facial Plast Surg Clin North Am. 2005;13:1–10.
  • Wenge NK. The elderly patient with cardiovascular disease. Heart Dis. 2000;2:31–61.
  • Wise JB, Greco T. Injectable treatments for the aging face. Facial Plast Surg. 2006;22:140–6.

 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...